segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Marisa Barros em oitavo na maratona

A maratonista Marisa Barros, mesmo afetada por problemas de saúde, foi hoje a melhor portuguesa nos Europeus Barcelona2010, com o oitavo lugar, enquanto Fernanda Ribeiro e Mónica Rosa não aguentaram e Ana Dias alcançou o 18.º posto.

Numa prova liderada até aos 28 quilómetros, altura do ataque para a vitória da lituana Zivile Balciunaite, Marisa Barros queixou-se do estômago e revelou ter sentido as consequências dos antibióticos ingeridos para resolver uma amigdalite, no início do mês, durante o estágio de altitude em Navacerrada, Espanha.

"Senti o ritmo muito lento e por isso ia na frente, mas já não ia bem. Tinha a noção de que estava débil. Neste momento dói-me tudo. Ainda parei, mas não queria desistir no meu primeiro Europeu e coloquei o ritmo de treino. Estou feliz por ter conseguido terminar. É o maior prémio de consolação", disse a corredora de 30 anos.

Até aos 10 quilómetros, com Marisa Barros a comandar um pelotão de 16 atletas, Ana Dias, Fernanda Ribeiro e Mónica Rosa conseguiram acompanhar aquele grupo, mas a capacidade de sofrimento das duas últimas só durou até cerca dos 20 quilómetros.

"Já tinha problemas nos tendões (de Aquiles) e levei um chuto numa das viragens. É muita gente e pouco espaço. Já vinha a sofrer aos cinco quilómetros e a correr com muita cautela para ajudar a equipa", disse a atleta portuguesa mais medalhada de sempre e recordista em Europeus ao ar livre (seis), Fernanda Ribeiro, que se estreou em eventos do género em 1986.

Para a antiga campeã olímpica, mundial e europeia, "esta não era a despedida desejada" da prova, aos 41 anos, mas a inflamação no tendão do pé direito e a bolha surgida no esquerdo foram de mais, numa manhã com 26,2 graus centígrados de temperatura e 71,6 por cento de humidade na Cidade Condal.

A metade da prova, Marisa Barros seguia no primeiro pelotão, com uma marca de 1:16.24 horas, mas a quarta classificada dos Europeus Gotemburgo2006, além de terceira e segunda na maratona de Los Angeles (2004 e 2005), Balciunaite, atacou perto dos 30 quilómetros.

A lituana só voltou a ter companhia quando cruzou a meta, 42,125 quilómetros após a partida, terminando com a melhor marca pessoal do ano, 2:31.14 horas, seguida da russa Nailya Yulamanova (2:32.15) e da italiana Anna Incerti (2:32.48), mas com a descontração suficiente para parar o seu cronógrafo de pulso e tomar a pulsação, com um relógio de um voluntário, quase sem comemorar o título continental.

Marisa Barros já cedia 27 segundos aos 30 quilómetros, na nona posição, enquanto Ana Dias "descaía" ainda mais, para o 13.º lugar, depois de a movimentação de Balciunaite ter desmembrado o grupo.

Ainda assim, as atletas portuguesas, já com a Taça da Europa fora do alcance, dadas a desistências das companheiras, mantiveram o ritmo e terminaram nos oitavo e 18.º postos, em 2:35.43 e 2:41.02 horas.

"Já tinha sentido no treino longo, mas às vezes passa e foi nisso que pensei, mas não passou. Vai ter de ficar para quando Deus quiser", lamentou Marisa Barros, com o melhor registo do ano entre as inscritas (2.25.44), referindo-se à sua condição física.

António Ascensão, treinador da maratonista, também lamentou a recente amigdalite e respetiva recaída, há poucos dias, defendendo que o facto terá retirado alguma confiança à atleta.

"Esteve muito queixosa desde os 20 quilómetros. No ataque da adversária, ela já estava muito debilitada e a defender-se. Deve ter sofrido muito para chegar ao fim, mas está condenada a ser uma grande maratonista", afirmou.

Sem comentários: